segunda-feira, 27 de maio de 2019

Eleições para o Parlamento Europeu 2019

Como bom cidadão, fui votar nas eleições europeias.

Votei no PURP. Quando as pessoas me perguntam porque votei no PURP, respondo, purp sim.

Na verdade, estava indeciso entre dois partidos. O PURP, e o partido do taxista desdentado. Mas como não sei como se chama o partido do taxista desdentado, tive que votar no PURP.

E assim vota um cidadão informado.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Sérgio Godinho




Sérgio Godinho, 1976






Sérgio Gordinho, 2018



Diversidade Num Aquário - Uma História Para Crianças

O Manelito estava quase a fazer anos e disse aos pais que como prenda de aniversario queria um aquário.

Então no dia em que o Manelito fez dez anos de idade foi com os pais a uma loja de animais para escolher o aquário.

Uma vez encontrado o tamanho ideal de aquário, que ficava bem no canto da sala que já tinha sido designado para o receber, estava na altura de escolher os peixes.

Havia peixes de tantas espécies, com cores, tamanhos e formas diferentes. O Manelito estava maravilhado e acabou por levar quase duas dúzias de peixes. Levou três ou quatro de cada espécie quando a espécie tinha peixes bonitos; levou dois ou só um de cada espécie quando a espécie tinha peixes mais feiotes, pois apesar de serem feiotes também mereciam ir.

Quando chegou a casa montou o aquário. O Manelito ficou orgulhoso. Tantos peixes diferentes a nadarem. Era uma imagem bonita. 

Todos os dias, antes de ir para a escola, dava de comer aos peixes, e quando voltava da escola voltava a dar-lhes de comer. Um dia reparou que um dos peixes tinha uma cauda truncada. Será que o peixinho sempre foi assim e só agora tinha reparado? Não ligou muito. Mas nos dias seguintes começaram a aparecer outros peixes com caudas truncadas. O Manelito não sabia o que se estava a passar.

Quando vinha da escola ficava a olhar para os peixinhos a nadar. Um dia viu um dos peixes a abocanhar a cauda de outro peixe e arrancar-lhe um bocado. Estava descoberto o mistério. Um dos peixes era o culpado. Mas como podia isto estar a acontecer? Ele alimentava bem todos os peixes. Todos tinham espaço para nadar. O Manelito pensou que este peixe devia estar a sentir-se sozinho. Afinal tinha sido um daqueles peixes que o Manelito só tinha trazido um e mais nenhum da sua espécie. Era isso. O peixinho estava frustrado. 

O Manelito pediu dinheiro aos pais e foi à loja dos animais. Quando voltou a casa trazia mais quatro da mesma espécie do peixe que abocanhava. Assim que os introduziu na água, os novos peixes juntaram-se ao peixe que abocanhava e começaram a nadar em grupo, formando um pequeno cardume, e percorriam o aquário dum lado ao outro em sincronia. Eram os melhores amigos, inseparáveis, como se se conhecessem deste sempre.

No outro dia de manhã antes de ir para a escola, o Manelito, como fazia todos os dias, foi dar de comer aos peixes e deparou-se com uma cena terrível. Dois peixes mortos e mutilados boiavam ao de cima da água. E outro peixe estava a ser comido vivo pelo grupo do peixe que abocanhava. O Manelito foi aflito pedir ajuda aos pais. Mas os pais disseram-lhe que estava na hora de ir para a escola.

Durante o tempo que esteve na escola não prestou atenção a nada. Só pensava no que estaria a acontecer no aquário durante sua ausência. 

Quando voltou a casa deparou-se com mais uns peixes mortos, de tal forma  esfrangalhados que ele já nem os reconhecia.

Foi pedir aos pais um novo aquário para poder separar os peixes. Mas os pais disseram que não, que ele já tinha recebido a prenda de anos. Além disso, nem havia espaço para mais um aquário. O Manelito começou a chorar. O que podia ele fazer? Não conseguia resolver o problema. Um dos pais teve uma ideia. Fazer uma divisória dentro do aquário. Uma divisória de acrílico separava os peixes e assim eles já não se comiam uns aos outros. O Manelito concordou.

Demorou alguns dias até a loja fabricar a divisória. O Manelito bem pediu pressa. Mas os funcionários da loja não foram sensíveis às súplicas do Manelito.

Quando a divisória foi montada, os cinco peixes que abocanhavam ficaram dum lado. Para o outro lado já só restavam três. 

O Manelito agora alimentava os peixes dos dois lados do aquário, e era assim que tinha que passar a ser. 

Passaram dia. E quando ninguém estava a ver, aconteceu algo que o Manelito não tinha previsto. A divisória que separava uns peixes dos outros estava mal fixa e tombou um pouco. Aconteceu simplesmente. O que a divisória tombou foi o suficiente para que os peixes que abocanhavam saltassem por cima da divisória para o outro lado.

O Manelito voltou da escola e deparou-se com o sucedido. Os peixes que abocanhavam tinham comido os últimos peixes que não eram da espécie deles. Desta vez o Manelito não chorou. Simplesmente removeu o divisória e deixou os peixes que abocanhavam com o aquário todo para eles. A culpa não era dos peixinhos. Estava na natureza deles serem assim.

Na escola o Manelito contou a história do aquário aos colegas e um dos colegas disse que gostava de ter visto esses peixes a comerem os outros. O Manelito ficou a pensar no que o colega lhe disse. E num fim de semana convidou os colegas a irem a casa dele e trazerem um peixe que eles quisessem ver ser comido. E muitos colegas levaram peixinhos que foram comidos.